sábado, 8 de janeiro de 2011

COMPANHIAS DE CRUZEIROS EM PORTIMÃO

Com o intuito de darmos a conhecer cada vez mais e melhor aos visitantes deste blogue informações acerca deste “universo” tão vasto como é o do turismo de cruzeiros, iniciamos hoje a abordagem retrospectiva de algumas  companhias de cruzeiros que marcam posição no panorama actual do mercado do género e que têm escalado com alguma regularidade o porto de Portimão.

Procuramos, com este propósito, proporcionar uma perspectiva global acerca desta crescente indústria, possibilitando assim, a todos os que nos consultam, uma realidade que vai muito além dos navios que por cá passam, pois se é efectivamente importante dar a conhecer os aspectos mais relevantes de um determinado navio de cruzeiros, não é menos verdade que conhecer a história da companhia e características gerais da mesma seja algo que se possa descurar, pois é precisamente essa tendência que marca claramente o estilo de vida a bordo, o serviço, a decoração, etc.


                       HOLLAND AMERICA LINE - A história de uma companhia secular

Iniciamos estas análises com uma companhia de cruzeiros que tem visitado regularmente Portimão e que em 2011 volta  a escalar Portimão por diversas vezes, trazendo até nós alguns dos seus maiores navios.


Com efeito a Holland America Line, umas das mais prestigiadas companhias de cruzeiros quer pela concepção dos seus navios, aliados a um luxo e conforto muito requitados quer pelo excelente serviço a bordo é já uma secular companhia pois foi fundada a 18 de Abril do já longínquo ano de 1873.

Então, com a designação de Nederlandsch Amerikaansche Stoomvaart Maatschappij (Companhia Holandesa de Navios a Vapor), tinha por objectivo realizar o transporte de passageiros entre Roterdão e Nova Iorque, fazendo para tal a mítica travessia do Oceano Atlântico. Nesta altura, coube ao navio a vapor Rotterdam (foto abaixo), de construção escocesa, o relevo de ter sido o primeiro de uma imensa frota.



A companhia estabeleceu-se e ganhou projecção no transporte principalmente de passageiros mas também de mercadorias, mesmo tendo a forte concorrência principalmente das companhias britânicas da época. As rotas foram-se expandindo para outras cidades como Baltimore e também, mais tarde para a América do Sul.




É curioso salientar que, em 1896, a companhia foi oficialmente estabelecida, altura em que os seus responsáveis decidiram adoptar uma nova designação De Holland Amerika Lijn N.V. (Holland America Line) – doravante HAL, designação essa baseada no nome pelo qual era vulgarmente conhecida. Dois anos mais tarde, decidiram os administradores holandeses acrescentar um ícone de referência identificativo dos seus navios, ou seja, as chaminés dos navios seriam pintadas de amarelo, verde e branco, cores essas que permaneceriam e identificariam a HAL durante mais de 70 anos.





Durante a I Guerra Mundial, a HAL continuou a proceder às suas operações de transporte regulares, uma vez que a Holanda manteve-se neutral durante aquele conflito. Não obstante, a companhia com sede então em Roterdão, sofreu algumas importantes perdas na sua frota, facto que se deveu a ataques dos submarinos alemães, a minas ou raides aéreos. Com o fim da guerra, e nos finais dos anos 20 com a Grande Depressão, a HAL sofreu os reveses inerentes a uma época de evidente crise, contudo não foi das transportadoras mais afectadas. Sinal desta situação foi a encomenda de um novo navio que correspondesse às necessidades da linha Europa-América, uma vez que o Statedam não garantia sozinho este serviço.

Datado de 1938, o novo transatlântico foi nem mais nem menos que o fabuloso Nieuw Amsterdam (foto acima), considerado por muitos entendidos da actualidade como um dos mais belos e elegantes navios de passageiros construídos até ao nossos dias, navio este que por si só merecerá uma atenção individual num artigo futuro.

Com o início da da II Guerra Mundial, os escritórios da HAL foram mudados de Roterdão para Willemstad, em Curaçao, nas Antilhas Holandesas.


Foram tempos muito difíceis para todos e a Holanda não escapou ao domínio nazi. Após o terminus da guerra e o normalizar das operações para o Novo Mundo, a HAL adquiriu dois novos navios, em 1951 o Ryndam (na foto) e no ano seguinte o Maasdam, ambos para o serviço no norte do Atlântico.

Nesta época, começam a ser equacionadas as viagens de carácter turístico e não apenas de transporte de passageiros, aliás o Nieuw Amsterdam tinha dado provas que podia ser uma vertente a explorar, só que nem todos os navios da companhia tinham as características e o glamour do navio almirante da HAL.


Foi então, com o propósito de enveredar para o embrionário mercado de cuzeiros, que a HAL encomendou, em 1956, um novo Statendam (note que a HAL atribui quase sempre o mesmo nome aos seus navios de passageiros/cruzeiros, por ex. existiram 5 navios diferentes todos com a designação Statendam).


Em 1959, a HAL lançou o novo Rotterdam, um dos seus mais arrojados projectos navais, nem mais nem menos que o emblemático navio desta companhia, não só pelos elevados padrões de qualidade e serviço a bordo, mas principalmente pelas suas peculiares chaminés. Curiosamente, este navio foi recentemente remodelado e voltou à cidade homónima, onde funciona como hotel e restaurante, criando assim uma oportunidade para todos aqueles entusiastas tomarem contacto com um navio de referência na história marítima do século passado.
O crescimento do mercado de cruzeiros levou os responsáveis da Holland America a adquirirem mais dois navios, desta feita fizeram-no com a compra, à companhia norte-americana Moore Mc Cormack Lines, do Brasil e do Argentina, que respectivamente receberam as novas designações de Volendam e Veendam (na foto).


Eram navios de construção americana, luxuosos mas também dispendiosos a nível de manutenção, no entanto serviam os intentos da companhia holandesa, que pautava cada vez mais o seu serviço por uma categoria acima da média.

Nesta nova tendência de mudança, que se nota pelas fotos, os navios da HAL abandonaram o tradicional cinzento do casco e a chaminé tricolor em função de um casco azul-escuro, que ainda hoje se mantem e a chaminé laranja.

1971 marca um importante acontecimento na história desta transportadora quando o magnífico mas já “idoso” Nieuw Amsterdam realiza a última travessia Roterdão-Nova Iorque. Era o adeus de quase uma centúria de travessias atlânticas, facto que não foi alheio à afirmação do avião como meio de transporte de eleição. Dois anos mais tarde seria a despedida daquele magnífico navio, vendido a sucateiros em Taiwan.


Precisamente em 1973, a HAL introduziu um navio novo na sua frota, o Prinsendam (não confundir com o actual e nosso próximo visitante), navio de pequenas dimensões e apenas 9000 toneladas mas foi um navio que ficou na história da companhia pelas piores razões. A 11 de Outubro de 1980, no Golfo do Alasca, o Prinsendam sofreu um grande incêndio na casa das máquinas, acabando posteriormente por se virar e afundar.


Apesar desta evidente contrariedade, esta embarcação teve o condão de ter dado um significativo contributo na projecção que os cruzeiros no Alasca durante a década de 80 foram obtendo. Neste sentido, foram reposicionados quer o Rotterdam quer o remodelado Statendam (foto acima), para fazerem cruzeiros para aquelas paragens.


Em 1983 duas novas unidades foram acrescentadas à elegante frota holandesa, com a introdução dos novos e idênticos Nieuw Amsterdam e Noordam (foto acima), altura em que também a HAL se integrou com uma subsidiária sua, a Westours Inc. Navios de categoria e refinada decoração mas que nunca chegaram a conquistar o coração dos que neles viajavam, acabaram por ser cedidos à Thomson, ostentando na actualidade os nomes de Thomson Spirit e Thomson Celebration.



Em Julho de 1987, a HAL expande-se de uma forma notória, primeiro com a aquisição de 50% da Windstar Cruises Inc. e no ano seguinte com a compra da companhia grega Home Lines. Nesta última aquisição, estavam integrados dois navios, o Atlantic e o Homeric (foto acima), mas ambos acabaram por ter sortes diferentes uma vez que o Atlantic foi vendido à Premier Cruise Lines e o Homeric foi integrado na frota da HAL, com o nome de Westerdam. Em 1988, a HAL comprava os restantes 50% da Windstar Cruises e ficava assim com a totalidade desta última.


Neste mesmo ano, de comprador a HAL passou a empresa adquirida, tendo sido transaccionada pelo gigante americano Carnival Holdings Ltd, por um valor a rondar os 625 milhões de dólares. Se a companhia já prosperava antes de ser integrada na Carnival, após esta situação os efeitos de ainda maior crescimento fizeram-se logo sentir com a encomenda inicial de 3 novos, acabaram por ser 4, navios aos estaleiros italianos de Fincantieri. O primeiro, em 1993, foi o Statendam (foto acima), seguindo-se o Maasdam, Ryndam e Veendam. São 4 navios idênticos e que operam actualmente nos quatro cantos do mundo nas mais variadas rotas.


Entre 1997 e 2000, quatro novos navios foram introduzidos nas rotas da Holland America, sucessivamente o Rotterdam, Volendam, Zaandam (foto acima) e Amsterdam, embora estejam todos integrados na classe R (Rotterdam), o Volendam e Zaandam têm os canos em formato diferente e o design do navio também difere dos outros dois.


A propósito dos canos ou chaminés, de realçar que agora a HAL tem os seus navios com a zona das chaminés pintada de branco com o símbolo da companhia desenhado a azul. Em nossa modesta opinião, o conjunto tricolor dava outro charme a esta famosa companhia…


Em 2002, o então Seabourn Sun foi transferido da Seabourn Cruise Line para a Holland America e renomeado Prinsendam. Também neste ano foi introduzida a famosa classe Vista na frota holandesa, com o lançamento do Zuiderdam, seguindo-se os gémeos Oosterdam, Westerdam e, em 2006, o Noordam (foto acima).

No ano de 2008, assistimos ao lançamento do moderníssimo Eurodam, da classe Signature, classe esta que, de certa forma, é uma evolução da classe Vista.

Em Julho de 2010 tivemos então o lançamento do novíssimo Nieuw Amsterdam (em baixo), também ele da classe Signature, navio que herda uma pesada responsabilidade de ser o navio almirante de uma frota de prestígio e de uma companhia centenária mas que não tem descurado os seus padrões de elevada qualidade e serviço Premium, que continuam a servir de referência no panorama mundial. Este gigante holandês continua bem vivo, primando pela elegância, qualidade e distinção, que fazem da Holland America Line uma companhia de eleição.


Escalas de navios de cruzeiro da HAL em Portimão durante 2011 :

                                         Abril           24 - EURODAM
                                         Maio           18 - RYDAM
                                         Agosto        23 - RYDAM
                                         Outubro      31 - NOORDAM
                                         Novembro   28 - MAASDAM

Texto: André Moura (ACC)

Referências

Holland America Line
Informação adicional - Wikipédia EN
The Last Ocean Liners - Holland America Line